sábado, 17 de março de 2012

Tuas mãos!

Lembro fotograficamente as tuas mãos paradas,
Lembro-me, agora, mais delas do que de ti,
a minha alma chora o íntimo desejo do seu toque,
essas tuas mãos um pouco vazias, um pouco minhas,
mas hoje trago comigo o objectivo real de ser consciente,
Com esta inquietação que me prende também
trago a lágrima e o desejo,
dessa mão que não vem.

Algo Ficará!

Hoje quero é sossego,
até amaria o vento desde que não o ouvisse,
enquanto o destino não me conhecer continuarei sozinho,
e então olho o meu corpo sem sombra de outro a meu lado,
não é que não quisesse,
nem é meu este jeito de estar só,
na verdade nunca estive acompanhado,
só beijei ainda aquelas estrelas a que não chego,
um dia destes os sonhos morrerão, e eu deixarei estes versos.

domingo, 11 de março de 2012

Continuo....

Penso por vezes, com uma inércia comovente, que se um dia num futuro a que eu já não pertença, estas frases que escrevo, durarem com prazer, eu terei enfim, alguém que me compreenda. Mas longe de mim eu renascer perante elas, terei já morrido há muito, serei compreendido só com retratos que enquanto vivo, embora já não compense,  eram apenas uma desafeição de mim perante outros. Saber viver perante a escrita, e obedecer ao que ela não pede, é para mim na vida quanto basta. E se um dia me disserem que só escrevo bem quando estou bêbado, eu beberei. O meu fígado é apenas uma coisa que vive enquanto eu viver, as minhas palavras viverão para sempre. Para mim, escrever é a maneira mais agradável de ignorar a vida.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O dia em que não sei!

Nem sei com quantas palavras hei-de eu começar a escrever, hoje sair-me-à apenas da ponta dos dedos a vontade de escrever, quase como vício, como quando me arranho para falar comigo. Não é o dia quente e brando, lento e suave nem a aragem perfeita, é quase nada, pouco mais que este ar que já se sente, não é, porque não sinto, ou pouco mais que o bater dos ponteiros voarem sobre mim a uma velocidade inatingível, ultrapassando tempos que eu teimo em desperdiçar. Escrevo isto, sob um tenso cansaço que parece não caber em mim, e que precisa mais do que a minha alma para ter onde se suportar. Mas ergo a cabeço e espero o vento secar-me este suor de sentir e olho o céu, e depois de olhar, esqueço-me a mim antes de ter olhado, não fico melhor, mas fico diferente. E o vento nunca passara tão de leve, e eu pequeno, como as pequeninas coisas, sou perfeitamente translúcido a ele, que paro para o deixar passar. Nada me diz quem sou, nada me diz se fui. Mostrar-me-à a mentira a verdade que eu não tenho ou, levar-me-à a verdade à mentira que eu nunca fui?